Insights da entrevista com Daniel Borghi, co-CEO da Crescera Capital, para o Better Deals

Insights da entrevista com Daniel Borghi, co-CEO da Crescera Capital, para o Better Deals

Em um novo episódio do nosso podcast Better Deals, exploramos a expertise em Private Equity e Venture Capital da Crescera Capital, gestora independente que atua desde 2008 e gere aproximadamente R$6 bilhões. 

Conversamos com Daniel Borghi, co-CEO da Crescera Capital, sobre tópicos que vão além de M&A (Fusões e Aquisições), especialmente focando na abrangente atuação dele e da empresa em Private Equity e Venture Capital. Discutimos estratégias de investimento, a hora certa para buscar capital ou considerar uma saída através de M&A, e a visão futura da Crescera Capital.  

Private Equity Segundo Daniel Borghi

  O Private Equity (PE) serve como um veículo de investimento em empresas privadas. Conforme Borghi destaca na entrevista, os fundos de PE têm um papel crucial ao auxiliar as empresas em múltiplas dimensões. Esses fundos são essenciais para empresas que buscam maturidade financeira, fornecendo não apenas o capital necessário para crescimento, mas também ajudando na estruturação financeira, na implementação de padrões de governança e na preparação da empresa para futuros eventos, como um IPO. Borghi explica que a dinâmica do Private Equity envolve a captação de fundos junto a investidores para, em seguida, investir esse capital em empresas com potencial de crescimento.

Com o capital injetado e o suporte do PE, espera-se que a empresa cresça a ponto de valorizar o negócio e proporcionar um retorno financeiro para seus investidores. É importante também distinguir entre Private Equity e Venture Capital, especialmente no contexto brasileiro. Borghi aponta que o Venture Capital tende a focar em empresas em estágio inicial ou aquelas que estão no começo de sua expansão.

Por outro lado, o Private Equity, também conhecido como Growth Capital, procura investir em empresas mais maduras, que já alcançaram certo nível de faturamento, EBITDA e geração de caixa. Segundo ele, a principal diferença entre os dois tipos de investimento está no tamanho do cheque. Na Crescera Capital, eles atuam em ambas as frentes: com Private Equity, os cheques começam em R$ 100 milhões, enquanto que no Venture Capital, os investimentos partem de R$ 3 milhões.  

A abordagem da Crescera em investimentos Private Equity

  Diferentemente de algumas gestoras de Private Equity, o modelo da Crescera não tem uma preferência definida por ser acionista majoritário ou minoritário. Na maior parte das vezes, eles se tornam sócios minoritários. No entanto, Borghi enfatiza que o objetivo é ser um sócio relevante, isto é, querem fazer parte do bloco de controle e apoiar na trajetória de crescimento do negócio.

Esse apoio não se traduz em assumir funções executivas na empresa ou em interferir diretamente na operação, mas sim em auxiliar na estratégia de crescimento e, eventualmente, indicar pessoas para posições-chave dentro da empresa. Via de regra, a Crescera evita comprar participações dos sócios das empresas, um movimento também conhecido como cash-out ou venda secundária, que direciona o recurso financeiro para o bolso dos sócios.

A tese de investimento da Crescera prioriza o cash-in, ou seja, recursos aportados diretamente na empresa para executar o plano de crescimento. Esse plano pode incluir crescimento orgânico, com investimentos no desenvolvimento de produtos ou na área comercial, entre outros, ou crescimento inorgânico, por meio da aquisição de outras empresas que contribuam para a expansão do negócio.  

Decidindo entre Crescimento e Liquidez: o ponto de vista de Borghi sobre Investimentos e M&A

  Também trouxemos reflexões sobre como determinar se é o momento certo para buscar um investimento com o objetivo de crescimento ou se chegou a hora de vender e dar liquidez aos sócios. Segundo Borghi, isso depende tanto do estágio em que a empresa se encontra quanto do momento vivido pelo empreendedor.

Se a empresa possui oportunidades de mercado para crescimento acelerado, a melhor opção provavelmente será encontrar um parceiro, possivelmente minoritário, que possa ajudar nessa trajetória. Vale lembrar que, caso o empreendedor decida sair mais tarde, a gestora facilitará essa transição, em vez de criar obstáculos. 

Por outro lado, se a empresa já está em um estágio onde o produto e o mercado estão consolidados e as perspectivas de crescimento já não são tão robustas, vender para um investidor estratégico pode ser a escolha mais sensata.  

Estratégias e Foco da Crescera Capital: Um Olhar Sobre Investimento e Saída

  A Crescera se concentra no mercado de middle market, focando em setores como educação, varejo, saúde, tecnologia e, mais recentemente, infraestrutura. Sua equipe de especialistas nesses setores permite agregar valor ao negócio além do simples aporte de capital. Apesar do histórico da Crescera com IPOs bem-sucedidos, não há uma obrigatoriedade para saída via abertura de capital.

Como qualquer investidor, o objetivo principal da Crescera é maximizar o valor do investimento. Nesse contexto, diversos fatores podem influenciar a decisão entre realizar uma operação de M&A ou um IPO, seja no Brasil ou nos Estados Unidos. Na Crescera Capital, as transações começam com a formulação de uma tese de investimento. Só então se busca o ativo (empresa) que se encaixe nessa tese. Borghi citou o caso da Afya, que foi listada na NASDAQ.

Primeiramente, desenvolveu-se a tese de criar um ecossistema educacional na área de saúde e, posteriormente, encontrou-se a oportunidade de colocar essa tese em prática com a aquisição da Afya. O processo de análise de investimento inclui avaliar as potenciais saídas para a empresa investida, respondendo a perguntas como: "Quem pode se interessar por essa empresa? Ela tem porte para um IPO? Se não tiver, quem seria um comprador em potencial, seja ele estratégico ou financeiro?"  

O dia seguinte após o investimento da Crescera Capital

A relação começa com a definição clara de direitos e deveres através de acordos de acionistas ou cotistas, o que, segundo Borghi, é fundamental para direcionar o negócio. A partir daí, o papel da Crescera é principalmente estratégico. Eles costumam fazer parte do conselho de administração e contribuem em várias áreas:

  • Estruturação Financeira: Ajudam a montar a área financeira da empresa.

  • Governança: Implementam conselhos e comitês (financeiro, de RH, de M&A, etc.) para ajudar na tomada de decisões.

  • Expertise Externa: Dependendo do foco da empresa investida, trazem outros sócios com experiências específicas para contribuir em comitês.

  • Planejamento Estratégico: Fazem um plano estratégico para guiar a empresa, revendo-o ao menos uma vez por ano.

  • Questões ESG (Ambientais, Sociais e Governamentais): Também são implementadas, pois adicionam valor à empresa.

  • Networking: Utilizam sua rede de contatos para apresentar potenciais clientes ou parceiros à empresa investida.

  • Incentivos a Contratações: Sua presença como investidor muitas vezes torna a empresa mais atrativa para executivos do mercado.

  • Modelos de Incentivo: Criam estratégias de remuneração atreladas a participações, como RSU ou Phantom Stock, para incentivar o time.

 Borghi ressalta que a Crescera não se envolve no dia a dia operacional, mas fornece recursos e conhecimentos que o empreendedor talvez não tenha. O objetivo é sempre criar mais valor para a empresa e prepará-la para uma saída. É uma relação colaborativa, onde cada parte contribui com sua expertise para o crescimento do negócio.  

Ciclo de investimento e estratégia de saída na Crescera

 Borghi explica que o ciclo típico de um fundo de investimento é de 10 anos, com possibilidade de extensão para 12 anos. Na Crescera, o período médio de participação fica entre 5 e 6 anos. O objetivo é preparar a empresa desde o primeiro dia para diversas opções de saída. A decisão de saída é flexível e geralmente alinhada com os desejos do empreendedor. 

Borghi destaca que a preparação e melhoria em governança são essenciais para aproveitar oportunidades de mercado, seja para listagem pública ou venda para estratégicos. Ele reitera que o mais importante é a empresa estar preparada para qualquer cenário futuro, para que possa fazer o que for melhor no momento adequado.  

Conselhos para empreendedores que buscam investimento de Private Equity

Daniel reforça que preparação é tudo. Ele traz a preparação em três frentes:

    • Dinâmica de PE: Entender ao máximo a jornada de empresas que foram investidas por fundos Private Equity. Analisar junto aos empreendedores que passaram por isso os motivos de suas escolhas, seus erros e acertos e principalmente seus aprendizados.

    • Pessoas e Fundos: Conhecer com profundidade os fundos de PE e as pessoas que estão na linha de frente. No fim do dia, vocês se tornarão sócios e terão que lidar diariamente com os desafios do negócio. Contar com a ajuda de uma assessoria de M&A pode contribuir para mitigar riscos e evitar erros, conhecer outras opções de fundos e deixar o processo mais profissional.

    • Preparar o negócio: Preparar a empresa e os sócios para o processo. Ter os números redondos, estar com um nível adequado de governança e alinhar expectativas com os sócios são alguns dos pontos mencionados.

 

Confira o episódio completo: 

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