Diligência Reversa: A escolha do investidor ou comprador ideal para sua startup

Diligência Reversa: A escolha do investidor ou comprador ideal para sua startup

Se o dinheiro não fosse uma questão, você ainda escolheria trazer aquela pessoa ou empresa para o conselho da sua startup?  A decisão de selecionar um colaborador para sua empresa é crucial, mas quando se trata de escolher um investidor ou comprador, os riscos são ainda mais altos. 

No processo de M&A ou Venture Capital, tanto a empresa compradora quanto o investidor realizam uma análise detalhada na fase de Due Diligence.  O fato é que a startup também deveria realizar suas próprias investigações, o que chamamos de Diligência Reversa. É sobre isso que vamos falar nesse artigo.   

Questões essenciais na Diligência Reversa

Empreendedores no processo de buscar investimentos ou um comprador devem ponderar várias questões essenciais:

  • Valor Estratégico: Qual é o valor estratégico do investidor ou comprador para o negócio?

  • Apoio em Tempos Difíceis: O investidor ou comprador apoiará a empresa nos momentos de desafio?

  • Rede de Contatos: O investidor tem uma rede de contatos que pode ser valiosa para o negócio?

  • Track-Record: O parceiro tem um histórico comprovado que pode ajudar a alavancar o negócio?

  • Nível de Controle: Qual é o nível de controle que o investidor ou comprador espera ter?

 

Investidor: Um mix de confiança, reputação e smart-money

A escolha do investidor é comparável a resolver um quebra-cabeça onde confiança, reputação e smart money são peças fundamentais . Sem elas,  as chances de você se decepcionar com a captação são altas. A capacidade de manter uma relação transparente e de confiança com o investidor é um item crucial e deve ser analisada num processo de diligência reversa, antes mesmo de selar a união. Assim, a escolha do investidor exige mais do que apenas garantir capital.

É necessário encontrar um parceiro cujos valores e visão de futuro se alinhem com os seus - especialmente acerca de potencial aquisição no futuro: 

  • O valor do valuation é convergente, pensando em uma possível venda da startup?

  • Qual o prazo que o investidor deseja receber o seu retorno versus o tempo que você como empreendedor deseja permanecer frente ao seu negócio?

  Estes dois itens devem estar alinhados. Não é incomum recebermos na Questum empreendedores que desejam vender sua empresa e descobrem, ao analisar o contrato que formalizou o investimento de tempos atrás, que não possuem o poder necessário para realizar seu exit , visto que é o investidor que possui esta decisão no contrato e, pior: eles não possuem o mesmo objetivo quanto ao assunto.

A expertise do seu investidor também é relevante, pois pode oferecer insights valiosos sobre como ele conduzirá o negócio com você. Procure opiniões de outros empreendedores e empresas que trabalharam com ele no passado, ou outras investidas:

  • Como é a reputação destes investidores?

  • São comprometidos com os empreendedores?

  • Exercem controle elevado na operação, engessando o dia a dia, ou são muito distantes? 

 

Tenha em mente que a escolha correta não é a que trará mais dinheiro, mas sim a que trará o maior valor.  

Benefícios de um buy-side com valor estratégico para quem almeja um M&A

No cenário de fusões e aquisições (M&A), o buy-side também precisa passar por uma diligência reversa. Afinal, a empresa que comprará a sua está firmando um compromisso irrevogável, e como empreendedor, você estará atuando sob influência deles por todo o período de earn-out.

Um aspecto subestimado é a experiência do potencial comprador - o chamado track-record :

  • Quantas empresas já adquiriu? As aquisições foram bem sucedidas?

  • Os empreendedores visualizam os resultados pós-aquisição, além do financeiro?

  • O buy-side possui um time especializado para lidar com as aquisições?

  • O executivo frente às negociações possui também boas experiências na área?

 

Com estes pontos alinhados, é possível que ocorra uma junção mais eficaz das empresas em termos de gestão após a aquisição com a concretização das metas estabelecidas por você enquanto empreendedor.  Ao fazer due diligence reversa, busque as referências de empreendedores que já fazem parte da rede desse potencial parceiro e que podem te auxiliar a compreender o cenário com maior precisão.  

Nível de controle esperado: Um fator determinante 

Tanto para investidores quanto compradores o controle exercido é um aspecto crítico. O grau de controle pode variar consideravelmente a depender da transação, por isso, é essencial buscar um alinhamento entre as expectativas e necessidades do seu negócio. Enquanto investidor, há alguns que podem preferir um papel mais ativo na administração da empresa, exigindo um assento no conselho de administração e tendo uma palavra a dizer nas principais decisões do seu negócio, enquanto outros podem preferir uma abordagem mais passiva, confiando na equipe de gestão existente para conduzir o negócio e proporcionando orientação estratégica quando necessário.

Não há certo ou errado, mas sim, o que você enquanto empreendedor busca do investidor e avalia ser essencial em sua empresa. Numa operação de M&A, também é necessário entender qual o nível de autonomia que a startup terá depois do deal - fase que chamamos de earn-out. O nível de controle esperado pelo buy-side deve ser um fator alinhado desde o princípio, para que os fundadores/sócios da startup possam tomar decisões alinhadas com seus objetivos.  É fundamental compreender qual a expectativa de nível de controle e como isso pode afetar o funcionamento cotidiano e a estratégia a longo prazo do seu negócio.   

Conclusão

Em última análise, a diligência reversa é crucial para garantir a melhor escolha, seja do comprador ou do investidor. É muito mais que apenas uma análise financeira - é entender se você e seu futuro parceiro de negócios têm a mesma visão, valores e resiliência para enfrentar desafios vindouros.

No final do dia, a escolha desse parceiro deve ser voltada para aquele que tem maior potencial de contribuir positivamente para o crescimento e sucesso da sua startup.   

Dica: no Podcast Better Deals, a Questum entrevista alguns dos principais buy-sides do Brasil (Totvs, Serasa Experian, Grupo Boticário, nstech, Sankhya). Ao assistir os episódios, você poderá compreender a visão de cada uma dessas empresas sobre os pontos relacionados nesse artigo. 

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