O que os investidores querem das startups?

O que os investidores querem das startups?

Quando olho para o momento em que vivemos no ecossistema de startups, lembro da época quando decidimos captar a rodada de investimento da Hiper. Isso foi em meados de 2015-2016 e o nosso objetivo era levantar R$ 4 milhões, uma Série A para os números daquela época… outros tempos! O momento era semelhante em muitos aspectos. Os desafios idem. O meu objetivo aqui é compartilhar o que foi aprendido com a realidade vivida e que, após a fase de grande bonança e euforia nos investimentos em startups, tivemos motivos de sobra para esquecer das dores do passado. 

Momento do mercado

 A  taxa de juros (Selic) estava tão alta quanto agora, o Brasil enfrentava (também) uma crise política que resultaria no  impeachment da presidente Dilma e planejar o futuro era tão difícil quanto jogar futebol na neblina. Você consegue imaginar que com um cenário tão assombroso, nenhum fundo de investimento estava com grande apetite para fazer apostas. Pois bem, eu vivi na pele esse momento.

De fato, muitos fundos com os quais estávamos nos relacionando, simplesmente deram uma pausa nas conversas. Aquela pausa em alto estilo e sem grandes explicações, embora as razões  eram são óbvias. 

Fazer o básico bem feito

  O que foi vital para nós termos conseguido captar R$ 4 milhões com dois fundos em um momento pouco favorável (como o atual)?

  • Primeiramente, a Hiper tinha números bastante saudáveis. Quando você abre os números da sua empresa para serem analisados, ter big numbers saudáveis e métricas que conversam com bons benchmarks de mercado são um cartão de visitas e tanto.

  • Um bom histórico de crescimento e números que mostravam a evolução das métricas-chave do nosso motor de tração.

  • Não me refiro apenas a crescimento estratosférico e curvas exponenciais. Crescimento constante, onde mês a mês você empilha resultado te dá uma boa credencial a respeito da aderência da sua solução para o mercado e (tão importante quanto) da sua capacidade de fazer acontecer.

  • Sempre fomos muito disciplinados e pragmáticos no planejamento financeiro. Os próximos 5 anos estavam projetados e fundamentados em alavancas de crescimento comprovadas.

  • Neste ponto me refiro exatamente ao oposto do que tipicamente vimos por aí: premissas baseadas em hipóteses sem histórico algum para elementos-chave como taxa de conversão, aumento de demanda, ampliação de ticket médio, etc.

  • A cereja do bolo, a meu ver, era a estrutura enxuta de custos e despesas, com um time dimensionado sem excessos. Gastar somente o essencial demonstra maturidade e responsabilidade, dois fatores que somam pontos preciosos quando falamos sobre usar o dinheiro de terceiros.

Pontos imprescindíveis para captar

 

Em suma: boas métricas operacionais + planejamento financeiro bem feito + operação enxuta. Dinheiro que gera dinheiro era um dos nossos lemas na gestão. Não se apegue a isso como uma fórmula de sucesso. Nem sei se isso existe de fato. Absorva como um  exemplo real, que deu certo num cenário semelhante ao atual.

Obviamente muitos outros fatores acabam jogando a favor numa captação de investimentos. Apenas não ignore que tudo começa quando você gabarita no básico:  construir um negócio que tem eficiência financeira e se sustenta ao longo do tempo. Fazer o básico bem feito, crescendo (um pouco que seja) todo mês, ao longo de muitos meses também dá resultado. Pense nisso!

Este é um texto reproduzido na lição número #70 de Do ZERO ao EXIT em 100 lições, uma série de conteúdo autoral criada por Tiago Vailati com o objetivo de compartilhar as lições aprendidas vivenciando os desafios da minha jornada empreendedora na Hiper, do nascimento à venda da empresa*.

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