A TOTVS é uma gigante brasileira de tecnologia que soube se adaptar a diversas fases no mercado durante seus 40 anos de existência. A sua história foi construída através de uma estratégia de crescimento inorgânico que resultou na realização de mais de 50 transações de M&A (fusões e aquisições).
Estas aquisições foram além do crescimento de receita. Elas trouxeram para a empresa a transformação necessária para se manter à frente de seu mercado e possibilitou a entrada de novos segmentos de atuação. No primeiro episódio do Better Deals , o mais novo podcast da Questum, conversei com Karolyna Schenk, Diretora de M&A da TOTVS, para entender sobre sua estratégia de aquisições e quais as características que uma startup precisa ter para despertar o interesse da TOTVS e potencialmente ser adquirida.
A TOTVS tem focado sua atuação concentrando-se especificamente no aumento do portfólio, na entrada em novos segmentos e na expansão de capacidades em vários setores da economia brasileira. As oportunidades de crescimento por meio de fusões e aquisições fazem parte da estratégia da empresa.
A expectativa é uma continuidade das transações, com foco nas três grandes frentes da companhia:
Gestão
Business performance
Techfin
Atuando nessas frentes, a TOTVS visa ampliar portfólio, avançar em novos mercados e oferecer soluções e operações cada vez mais robustas aos clientes, considerando seus 4 principais pilares para os próximos anos:
Fortalecer o core principalmente para a área de gestão;
Aprofundar atuação em diferentes mercados (saúde, educação, varejo etc);
Soluções Cross, que podem ser distribuídas de forma agnóstica - independente do segmento do cliente;
Novos mercados: trazer ofertas para business performance e techfin.
Recentemente os M&As foram mais focados em business performance. Mas agora, com a conclusão da Joint Venture com o Itaú, após a liberação do Banco Central, a frente de Techfin deve também ganhar fôlego.
Os M&As são tratados caso a caso, não há um desenho engessado de como será a operação pós M&A, podendo ter independente ou integrada à estrutura da TOTVs. O formato da transação será desenhado de acordo com o contexto de cada transação e dependerá da realidade da empresa adquirida, maturidade de gestão e também do fit com o que já é oferecido pela TOTVs.
O que a TOTVs leva em consideração no momento do M&A são principalmente:
Fit estratégico
Fit operacional
Fit cultural
Nesses três pontos, são consideradas questões como qualidade do produto e da tecnologia, qualidade do time, modelo de distribuição e cultura do negócio. Este conjunto deve ser qualificado o suficiente para se integrar ao ecossistema da TOTVS e oferecer mais robustez à base de clientes ou ainda trazer novos compradores.
O conjunto de capabilitites de cada empresa é o guia para a definição de como será a relação entre ela e a TOTVS. A estratégia da empresa vai além de aquisições e pode ser direcionada para o Fundo de Corporate Venture da própria TOTVs - ou ainda iniciar parcerias estratégicas de atuação. Qualquer dessas ações podem evoluir para um M&A, apesar de não haver uma obrigação direta de interação ou investimento com as transações.
A consolidação de operações em fusões e aquisições envolve a incorporação de determinadas áreas ou empresas com autonomia, dependendo do tamanho e da maturidade do segmento. O estabelecimento de relacionamentos prévios com empreendedores e empresas é estratégico para garantir a movimentação correta e criar confiança e credibilidade para um possível processo de M&A.
A empresa possui uma equipe de M&A que acompanha o mercado e mapeia as potenciais empresas. Além disso, a TOTVS mantém as portas abertas com fundos e assessorias que trazem oportunidades para serem avaliadas. Em termos de importância, o potencial de escalabilidade da solução e do negócio são considerados fator número um para uma empresa chamar sua atenção.
Este ponto é crítico, pois o potencial de atender os milhares de clientes da base é decisivo para seguir com a transação. Outros fatores importantes na avaliação da startup são:
análise da qualidade do produto
análise da qualidade da equipe
modelo de distribuição
cultura da empresa
Ao considerar fusões e aquisições como uma estratégia de crescimento, deve-se concentrar na robustez do ativo e em sua adequação aos aspectos operacionais, estratégicos e culturais da empresa, em vez de considerar apenas o tamanho financeiro e a receita. Falamos disso também no Deals Report da Questum , que analisou o primeiro semestre de 2023.
Com os movimentos de mercado pós 2021, é necessário que as empresas tenham gestão, governança e finanças em dia para se tornarem atrativas para um comprador. Estes aspectos são analisados antes de evoluir para uma oferta de aquisição e são fatores decisivos para a continuação do processo de M&A.
A TOTVS, com experiência de mais de 50 aquisições realizadas, possui uma máquina de M&A. Seu processo de avaliação é bem estruturado e tem um formato de decisão em cada etapa para definir se prossegue com a transação. A Karol compartilhou conosco as principais etapas desse processo:
Estratégia TOTVS - perfil negócio que precisam buscar
Mapeamento do mercado - screening de empresas dentro do perfil desejado
Contato inicial - avaliação de negócio para entender se há abertura para tratar sobre M&A (ou recebimento de oportunidades)
Análise inicial - produto, time, cultura, finanças, modelo de distribuição, rentabilidade
Oferta - alinhamento em relação à estrutura e preço
Diligência - avaliação detalhada de todos os aspectos da empresa (contingências)
Assinatura - realização da assinatura dos contratos definitivos e fechamento da transação
Pós Deal - início da integração de acordo com a estrutura da transação
Ainda há muitas oportunidades para startups com modelos sólidos de crescimento, boa governança e cultura. Espero que este artigo tenha lhe dado mais clareza no que é importante para se preparar para uma aquisição pela TOTVS.
Confira entrevista completa:
Leia também:
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