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O “Viés do sobrevivente” na gestão de negócios

21 de fevereiro de 2024

De maneira concisa, o “Survivorship Bias” ou “Viés do sobrevivente” é um viés cognitivo que ocorre quando um pequeno grupo bem-sucedido é erroneamente considerado como uma representação do grupo como um todo. Veja:

💡O vídeo aborda a questão do viés de sobrevivência, exemplificando com a Segunda Guerra Mundial e a decisão de reforçar os aviões com base nos locais atingidos. O especialista em estatísticas, Wald Abraham, sugere que a abordagem correta seria reforçar as partes que sustentam danos, observando pela ótica não só do “sobrevivente”, mas do que aconteceu com aqueles que não resistiram. Esse exemplo mostra como o viés de sobrevivência pode levar a decisões equivocadas. O vídeo argumenta que esse viés influencia diversas áreas da vida. Alerta sobre a tendência de esquecer aqueles que falharam ao buscar conselhos. O conceito se aplica em diversas situações, desde avaliações de desempenho de CEOs até percepções sobre carros antigos e arquitetura. O vídeo destaca como o viés de sobrevivência afeta a pesquisa científica, especialmente em campos como psicologia e pesquisa de câncer, onde a omissão de dados pode distorcer conclusões. Também menciona a prática financeira de cortar perdas e como isso pode levar a equívocos nas estimativas de retorno. Conclui ressaltando a importância de estar ciente desse viés para tomar decisões.

 

Não há conceito mais evidente para justificar a importância de considerarmos todas as informações necessárias ao tomar uma decisão, incluindo tanto cenários de sucesso quanto de insucesso. Para cada grande triunfo no mundo, existem milhares, até dezenas de milhares, de fracassos. No entanto, as histórias de fracasso, menos atrativas do que as de sucesso, raramente recebem atenção e compartilhamento. À medida que nos envolvemos em uma narrativa de sucesso após outra, tendemos a esquecer as taxas básicas e superestimar as chances reais de sucesso.

Personalidades como Marie Curie, Bill Gates e os Beatles são frequentemente citadas como exemplos de indivíduos que desafiaram as normas e obtiveram sucesso, sendo lembrados como referências em suas categorias de atuação. Gostamos de focar em figuras como eles, resultado de um atalho cognitivo conhecido como viés de sobrevivência. O problema surge quando confundimos esses vencedores com a regra, em vez de reconhecê-los como exceções na curva de distribuição. Embora haja lições valiosas a serem aprendidas com eles, seria um equívoco esperar os mesmos resultados ao seguir os mesmos passos.

Analogamente, considerar apenas os sobreviventes do desastre de 11 de setembro como um caso de sucesso em gestão de crise, sem levar em conta todas as vítimas, reflete essa abordagem falha. 

Tendemos a acreditar que qualquer garoto esforçado pode alcançar feitos comparáveis aos de Lionel Messi – considerado o maior vencedor da história do futebol, mesmo diante da realidade de mais de duzentos milhões de jogadores de futebol em atividade ao redor do mundo que não alcançam tal feito, sem mencionar aqueles que abandonaram o sonho nas categorias de base.

 

“Viés do sobrevivente” na gestão de negócios

No contexto empresarial, o impacto dos vieses se manifesta quando aplaudimos startups “unicórnio”, ignorando o fato de que cerca de 70% das startups fecham antes de completar 20 meses, e 50% não apresentam resultados (Abstartups). Esse é o viés do sobrevivente, uma miopia desenvolvida ao expormos frequentemente um grupo vencedor e confundi-lo com a totalidade.

Além disso, ao concentrarmos as atenções apenas nos “outliers”, passa despercebido que não se trata de um jogo de tudo ou nada. Entre os pouquíssimos e glorificados “unicórnios” e as milhares de empresas que não sobreviveram, existem muitas startups bem-sucedidas, capazes de propiciar aos seus empreendedores e investidores um retorno relevante.

Decisões baseadas em miopias podem prejudicar a gestão de negócios, construindo narrativas frágeis. A generalização, embora útil em muitos casos, pode levar a erros ao criar categorias gerais com base em um número limitado de casos, sem uma base estatisticamente sólida. Não é instintivo fazer uma pausa, refletir e pensar sobre quais são as probabilidades de sucesso da taxa básica, por outro lado, é crucial ter plena consciência das reais chances de sucesso para que sejamos bons planejadores. Se não conhecermos as probabilidades reais, se não tomarmos ciência da nossa tendência aos vieses, então temos um ponto cego.

É importante que os seres humanos realizem generalizações; este atalho permite que não precisemos ver todos os casos para compreender a regra geral, e isso funciona a nosso favor em muitos aspectos do cotidiano. Já nos negócios, é imperativo estar ciente dos vieses cognitivos, incluindo o viés de sobrevivência, para cultivar o hábito de questionar as próprias conclusões.

Os livros sobre negócios frequentemente enaltecem os cases “transgressores” que desconsideraram os conselhos convencionais e obtiveram sucesso empresarial. Muitos destes celebrados empreendedores obtiveram sucesso apesar de suas escolhas peculiares, não necessariamente por causa delas. Para a maioria dos empreendedores, arriscar demais e desconsiderar todas as normas é apenas uma aposta imprudente. Além disso, muitas vezes negligenciamos a influência do timing, da sorte, das conexões e do contexto socioeconômico de cada indivíduo. 

Ao se deparar com relatos de sucesso na mídia, é crucial ponderar sobre as inúmeras pessoas que também estavam nessa corrida e fracassaram. Reconhecer o viés da sobrevivência não serve como desculpa para a inatividade, mas sim como uma ferramenta essencial para superar as distrações e compreender o mundo de maneira mais profunda. 

Se decidir empreender uma ação, faça com conhecimento pleno.

Examinar exemplos de sucesso nos ensina, mas muito pouco. Faríamos muito melhor se analisássemos as causas do fracasso e, a partir disso, agíssemos em conformidade. 

 

Melhor ainda é a capacidade de observar e aprender com os fracassos e os sucessos.

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