Demonstrações Financeiras: Diferenças entre visão contábil e gerencial

Demonstrações Financeiras: Diferenças entre visão contábil e gerencial

Em gestão de negócios, as demonstrações financeiras são documentos fundamentais para análise de uma companhia, são dados que orientam estratégias e tomadas de decisão. Quando estas informações são interpretadas de maneira assertiva, fica evidente sua capacidade de indicar perspectivas esclarecedoras sobre a eficiência operacional, a rentabilidade e a saúde financeira da empresa.

Demonstrações financeiras podem ter diferentes fontes de dados e formas de cálculo. Neste artigo, serão abordadas as diferenças entre as demonstrações contábeis e gerenciais, bem como suas aplicações e desdobramentos.  

Demonstrações contábeis e gerenciais

As visões contábil e gerencial representam dois pilares fundamentais na administração de empresas, cada uma com uma finalidade específica. A visão contábil está voltada para o atendimento de obrigações legais e comunicação externa, seu propósito é apresentar uma visão consolidada e padronizada da situação financeira da empresa, seguindo princípios contábeis. Por outro lado, a perspectiva gerencial dá foco ao interior da organização e fornece informações estratégicas para a gestão eficiente.

Seu foco está aquém do cumprimento de normas legais, e preconiza a otimização de processos internos, alocação eficiente de recursos e aprimoramento da performance operacional. Enquanto os relatórios contábeis são destinados a acionistas, reguladores e credores, os relatórios gerenciais são voltados para os administradores internos. As principais diferenças entre as duas visões estão relacionadas à metodologia, estrutura e fonte, cada uma dessas distinções será abordada na sequência.   

 Principais diferenças

  1. Metodologia: As demonstrações contábeis apresentam dados consolidados e padronizados, de forma que agregam informações de toda a empresa. Já as demonstrações gerenciais têm uma abordagem mais flexível e permitem um detalhamento de contas e centros de custo mais personalizado, o que propicia análises detalhadas de áreas específicas da companhia. A visão contábil se pauta nos princípios contábeis a fim de garantir consistência e comparabilidade com outras empresas. Já a perspectiva gerencial foca na flexibilidade de escolha dos métodos e critérios financeiros, o que permite ajustes que melhor atendam às necessidades dos gestores. 

  2. Estrutura: Uma das grandes diferenças entre as duas visões está no plano de contas. Como as demonstrações contábeis seguem parâmetros fixos de estrutura, seus planos de conta são focados em demonstrar informações padronizadas, de forma a ir de encontro com a estrutura adotada pelo mercado. Por outro lado, a flexibilidade das demonstrações gerenciais propicia a montagem de um documento mais personalizado e original, que pode adotar diferentes estruturas. Dessa forma, a visão gerencial é capaz de descrever a operação de modo mais inteligível para os gestores, o que viabiliza uma análise robusta da operação.

  3. Fonte: Enquanto a visão contábil é centrada na conformidade e na precisão dos dados, a gerencial é orientada para a inteligibilidade operacional. A fonte dos dados que alimentam as duas perspectivas pode ser diferente, a visão contábil se vale de sistemas mais estruturados e padronizados, enquanto a perspectiva gerencial pode adotar sistemas mais flexíveis, focados na análise interna, que podem, inclusive, incluir ferramentas próprias para controle de orçamentos.

 

 Conclusão

A distinção entre as demonstrações contábeis e gerenciais é vital para compreensão global do desempenho de uma companhia. Enquanto a visão contábil proporciona uma perspectiva geral para os stakeholders, a visão gerencial oferece ferramentas essenciais para gerir e sustentar decisões estratégicas.  Por fim, é válido tecer comentários sobre a preocupação que acompanha a flexibilidade das demonstrações gerenciais. Por conta de sua capacidade de personalização, não é difícil encontrar situações em que esta perspectiva tende a se distanciar de boas práticas financeiras. Um caso muito comum é o cálculo do EBITDA ajustado, leia mais sobre isso nesse artigo.

Outro cuidado com a visão gerencial é a estrutura do orçamento, em especial a parametrização dos custos e despesas, é comum estar diante de situações em que a alocação dessas contas não reflete a realidade operacional. Dessa forma, é importante estar atento durante a criação de uma perspectiva gerencial, ao mesmo tempo que ela não pode deixar de representar a operação da empresa, ela deve seguir boas práticas financeiras.    Em última análise, as duas perspectivas devem ser convergentes, cada qual desempenhando seu papel no panorama operacional de uma companhia. Ao compreender e utilizar as diferenças de maneira complementar, as empresas podem viabilizar uma gestão mais eficiente.

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