Não é nenhuma novidade que founders de startups, em algum momento de sua trajetória, venham a se deparar com o tema “como captar investimento” - seja porque estão analisando a possibilidade ou, até mesmo, porque avançam em algum deal.
E ainda que seja um assunto amplamente discutido, a realidade é que ainda é normal ver captações tortas em deals que, várias vezes, não fazem sentido para nenhum dos lados. Minha ideia, hoje, é explorar um pouco melhor esse tema e tentar trazer um pouco mais de luz para além de “busque ‘ smart money’ ”.
Vamos do começo: por que uma startup deveria captar investimento?
Tentando ir um pouco além do óbvio, idealmente, uma startup deveria levantar capital quando existe uma oportunidade de crescimento a ser capturada pela qual vale a pena trocar equity. Isso quer dizer que o empreendedor consegue ter uma visão clara de onde vai chegar sem dinheiro e, caso receba um aporte, consegue acelerar esse crescimento em uma determinada escala.
E mais: existe clareza de qual é a relevância de capturar essa janela de crescimento nesse exato momento. O que acontece com certa frequência, entretanto, é que empreendedores captam para mascarar suas falhas enquanto gestores. Não é raro ver founders se convencendo que precisam de um volume “x” de capital, com uma planilha que foi criada PARA gastar esse dinheiro - normalmente, com um volume de contratações desproporcional ao que vinha sendo feito.
Isso sem contar a falta de visão de longo prazo, que pode culminar em problemas de liquidez para o investidor ou para o próprio empreendedor.
Caminho ideal para uma captação de investimento bem feita
Listo abaixo o que entendo ser o caminho ideal para fazer uma captação bem feita:
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Tenha clareza dos seus números. Uma DRE gerencial alinhada com a contábil, um fluxo de caixa, unit economics, controle de clientes, visão real de caixa vs. competência. Se você não tem nem certeza de quanto é o seu EBITDA, você deveria resolver isso antes de pensar em captar;
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Tenha uma projeção bem feita. Nesse vídeo aqui, explico um pouco melhor sobre como montar uma projeção redonda. No fim, mais do que o que você quer fazer, existe o que sua empresa é capaz de entregar - seja com melhorias incrementais ou com linhas de receita novas. É só com esse business plan coerente que você consegue ver se vai precisar de capital ou não - e o porquê;
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Tenha bem claro onde quer chegar e como uma captação está alinhada com esse plano - aqui, o jogo é simples: se você não vê novas captações (privadas ou IPO) ou M&A no seu futuro, como pretende dar saída para o investidor?
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Reflita sobre a relevância de trocar equity para acelerar esse crescimento - é muito normal a gente pensar que se não crescer em uma velocidade super sônica, vamos morrer. Mas se isso fosse verdade, não sobraria muita startup para contar história. O ponto é que, em diversos cenários, crescer com um EBITDA positivo e sem queimar capital (ainda que crescendo mais devagar) é muito positivo;
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Entenda se o investidor está alinhado com sua janela temporal e de liquidez - não adianta levantar capital com um fundo que tem uma expectativa de ter um retorno de 40x em 7 anos se minha ideia é vender ano que vem, tendo crescido 40%. O desalinhamento está claro;
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Finalmente, o óbvio: entenda onde o investidor pode agregar na jornada. Se vou ter que conseguir recursos, faz muito mais sentido ir com alguém que entende do meu mercado e pode me ajudar de alguma forma (abrindo portas, trazendo sua experiência no segmento, etc) do que alguém que só vai dar o dinheiro.
Resumindo
Cuidar do financeiro e da gestão com o mesmo carinho que se cuida de marketing, vendas e tecnologia traz incontáveis benefícios de longo prazo para a empresa - incluindo uma relação mais saudável e assertiva com eventuais investidores.
Boa captação!
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