Entre as principais vantagens do Early Exit estão a possibilidade de recompensar os empreendedores e investidores pelo tempo, recursos e risco tomado, bem como permitir que os fundadores, agora capitalizados, possam se dedicar a outros projetos ou investimentos.
No cenário brasileiro de startups, as fusões e aquisições têm se tornado cada vez mais comuns. Segundo o relatório da PwC "M&A Outlook 2021", o Brasil ocupa a terceira posição entre os países da América Latina em volume de transações.
Além disso, o setor de tecnologia tem sido o principal destaque, com 60% do total de negócios realizados em 2020. Essa tendência reforça a importância de se desenvolver uma estratégia de saída desde o início - fundamental para garantir a longevidade e a rentabilidade da empresa.
Dentre as possibilidades de saída, estão o early exit e o big deal . Na primeira, os empreendedores vendem sua startup em um estágio ainda intermediário, antes do investimento série B ou C.
Na segunda opção os empreendedores buscam transformar a empresa em unicórnio (empresas com valuation de US$ 1Bi), passam por muitas séries de investimento e acabam realizando sua liquidez principalmente através da venda de suas ações no mercado secundário.
No Brasil, a maior parte das transações de startups ocorre no modelo de Early Exit: 98% das transações de M&A estão em valores entre R$ 20 milhões e R$ 200 milhões. De um lado, o piso em torno de R$ 20 milhões ocorre pois grandes empresas não conseguem comprar startups muito incipientes (early-stage), portanto as transações ocorrem com startups que já tem algum nível de tração, estrutura e receita.
Do outro lado, o teto em torno de R$ 200 milhões acontece por conta das limitações econômicas, são poucos os grupos empresariais brasileiros com capacidade para aquisições muito acima dessa faixa de valuation.
O conceito, introduzido por Basil Peters no livro “ Early Exits: Exit Strategies for Entrepreneurs and Angel Investors", e que defendo desde 2019 aqui no Brasil, nos mostra que há uma condição de saída real , onde consideramos uma faixa de preço que tenhamos compradores dispostos a comprar .
Sendo assim, buscamos as saídas possíveis , com as maiores probabilidades: aquelas que geram maior valor e evitam um valuation que tenha menos liquidez. Em resumo, criar um plano que permita vender a startup no ponto ótimo - pelo melhor valor possível, ao invés de perseguir um Big Deal (que pode nunca acontecer).
Muitos empreendedores sonham com negócios bilionários, a um valuation gigantesco e, é claro, depois de décadas de trabalho.
Esse caminho mais longo acaba se associando a uma série de rodadas de investimento, buscando uma saída por valuations acima de R$200 milhões, ou mesmo realizar um IPO (oferta inicial pública) na Bolsa de Valores.
Esse desejo se tornou “cultural” no ecossistema de tecnologia e apresenta um risco: esperar tempo demais para sair (esperando ganhar mais) pode fazer com que o ponto ótimo passe e a taxa de crescimento da empresa caia.
Neste caso, teremos um empreendedor que passou anos e anos alocando seus recursos, tempo e energia para o negócio para não necessariamente obter o retorno desejado.
O Early Exit é uma estratégia que tem se tornado cada vez mais comum no ecossistema de startups e que deve ser considerada desde o início do negócio.
Para garantir o sucesso e a rentabilidade da empresa é essencial que os fundadores estejam preparados para tomar decisões estratégicas e entender os momentos de mercado, a fim de vender sua participação no momento ideal.
Chegar lá não é tão simples, porém, desenvolver essa estratégia é o primeiro passo que permite que os fundadores tenham uma visão clara sobre seus objetivos, guiando a tomada de decisão (Veja o artigo Passo-a-passo para vender sua startup: M&A Canvas). Além disso, pode ser uma forma de atrair investidores e criar um ambiente de confiança, já que é uma forma de demonstrar que a startup tem um plano para gerar valor a curto e médio prazo.
“Minha premissa é que startups e empresas iniciais devem adotar essa abordagem nova e simples - começarem pequenas, permanecerem enxutas, levantarem apenas o investimento de que realmente precisam, fazerem o negócio crescer e depois executarem uma saída antecipada”, é o que recomenda o autor americano Basil Peters, no livro Early Exit.
No livro, Basil dá o direcionamento: “faça um plano de negócio de dois anos no máximo. Desenvolva uma tecnologia nos primeiros 12 meses, e passe os próximos 12 meses desenvolvendo parcerias, vendas e clientes. Se você não conseguir bons potenciais clientes em 24 meses, pense em pivotar ou achar outra startup”.
Após realizarem suas saídas, os empreendedores do ecossistema de tecnologia que, depois do Exit, contam com uma boa saúde financeira, costumam seguir para novos desafios e, muitas vezes, retornam para o ecossistema com um #GiveBack de altíssimo valor: ajudando pessoas que estão começando oferecendo mentorias, consultorias, virando investidores ou até como fundadores e/ou cofundadores de novas startups.