Crescer para vender ou crescer para liderar? O dilema entre M&A e IPO

Crescer para vender ou crescer para liderar? O dilema entre M&A e IPO

Ao construir uma startup, cedo ou tarde o empreendedor se depara com uma encruzilhada estratégica: o futuro do negócio será decidido por uma venda (M&A) ou pela abertura de capital (IPO)? Embora essa pareça uma decisão distante, a verdade é que ela começa a ser moldada desde o dia zero — na escolha do mercado, na ambição do fundador e na visão compartilhada entre sócios.

Dois caminhos, dois destinos

A escolha entre M&A e IPO depende, antes de tudo, de dois fatores fundamentais.

O primeiro é o mercado em que a startup atua. Qual é o tamanho do problema que ela resolve? Quão grande essa empresa pode se tornar? Negócios de nicho, por exemplo, dificilmente sustentam um IPO, por mais eficientes que sejam. Já mercados amplos e em transformação — como fintechs, saúde, educação ou inteligência artificial — abrem portas para jornadas mais longas e ousadas.

O segundo fator é a expectativa dos sócios. Existe um conceito que usamos muito para ilustrar esse momento: “Você quer ser rico ou quer ser rei?”. O caminho do M&A, na maioria das vezes, leva à riqueza: você constrói, escala e realiza uma venda estratégica que gera liquidez e patrimônio. Já o IPO é para quem quer ser rei: permanecer no trono da companhia, expandir para novos mercados, levantar capital para grandes apostas e seguir jogando o jogo — só que em um tabuleiro global.

 

O tempo certo é estratégico

Uma vez escolhido o caminho, entra em cena um fator decisivo: o timing. O mercado se movimenta em ciclos. Há períodos propícios para IPOs — como vimos no boom de tecnologia até 2021 — e outros onde a janela se fecha, como vivemos nos últimos três anos no Brasil. Por isso, entender o momento econômico e o apetite dos investidores é tão importante quanto estar preparado.

 

O que maximiza valor no M&A?

Se a rota for a venda, tudo começa e termina em performance. Crescimento acelerado e margem saudável são os pilares que despertam o interesse de compradores. Mas não é só isso. Uma vez que os números chamam atenção, o comprador vai olhar para o “bastidor”: governança, cultura organizacional, clareza dos números, liderança e organização societária. Um bom deal depende tanto da performance quanto da preparação.

O IPO como jornada contínua

Muitos empreendedores veem o IPO como uma linha de chegada, mas a verdade é que ele é apenas um novo ponto de partida. Abrir capital é, na prática, captar recursos para acelerar ainda mais o crescimento. O desafio é enorme: exige estrutura, time, governança, histórico de crescimento e capacidade de navegar em mercados complexos. E o jogo não para. Vem cobrança de investidores, pressões trimestrais e a necessidade de entregar visão com execução.

Quem vai por cada caminho?

Não existe fórmula única, mas existe padrão. É mais comum vermos empreendedores de primeira viagem optando pelo M&A — especialmente por se tratar de um caminho mais acessível e menos exposto. Já fundadores em sua segunda ou terceira jornada muitas vezes sonham mais alto e constroem desde o início com foco em IPO. A experiência conta. E muito.

 

E se não for nem um, nem outro?

Por fim, vale lembrar: nem todo negócio precisa ter uma saída. Há empreendedores que constroem empresas rentáveis, sustentáveis, com boa margem e que proporcionam uma vida equilibrada, com retorno financeiro, liberdade e propósito. Esse também é um caminho legítimo, admirável e, muitas vezes, subestimado.

Conclusão

O mais importante não é o caminho que você escolhe. É a clareza sobre onde você quer chegar, o alinhamento com os seus sócios e a capacidade de construir com consistência desde o início.

 

M&A ou IPO não são decisões de última hora. São consequências naturais de uma estratégia bem pensada, de escolhas conscientes e de uma execução disciplinada.

 

E você, está construindo para ser rei ou para ser rico?

Informações atualizadas sobre M&A

Assine a The Guideline, nossa newsletter semanal exclusiva para acompanhar o mercado de M&A e investimentos em startups.