Já Empresas Familiares: A Arte de Manter o Freshness
Nos últimos anos, tive a oportunidade de trabalhar com empresas que possuem algo surpreendente e único: a capacidade de manter a alma do empreendedorismo viva.
Essas organizações demonstram uma vitalidade que transcende a busca por resultados de curto prazo, equilibrando a inovação com a governança e assegurando que seus valores permaneçam intactos. Elas não apenas almejam ser referências em seus setores, mas também buscam elevar constantemente o padrão de excelência.
Ao contrário das fórmulas tradicionais de administração — baseadas em processos estáveis, estruturas rígidas e estratégias lineares —, essas empresas se mostram abertas à evolução. Elas se destacam por oferecer experiências excepcionais aos clientes, evitando copiar e colar modelos prontos de sucesso. Além disso, estão sempre dispostas a aprender, absorver as melhores práticas de outras corporações, ouvir mais do que falar e valorizar profissionais que praticam os valores organizacionais com entrega consistente.
Hoje, as empresas familiares representam dois terços das empresas no mundo. Algumas optaram pela abertura de capital, enquanto outras permanecem fechadas. No caso das empresas de capital aberto, para serem classificadas como familiares, é necessário que as famílias mantenham uma propriedade substancial e autoridade nas decisões de negócio. Isso significa deter pelo menos 32% dos direitos de voto.
Com minha experiência trabalhando com empresas familiares, como a Cyrela, contribuindo para a governança da Localiza e liderando projetos junto a organizações como Votorantim e Randon, pude identificar um fator essencial para o desempenho dessas empresas: a habilidade de preservar o DNA de seus fundadores, mantendo o “freshness”. Essa palavra, de difícil tradução para o português, transmite a ideia de renovação constante, vigor e autenticidade na sua essência. Empresas que desejam cultivar esses atributos precisam ser flexíveis e consistentes, visionárias e atentas aos detalhes. Quantas empresas conseguem lidar com essa ambidestria?
A relevância desse tema é tamanha que as principais escolas de negócios do mundo têm dedicado centros de estudo e programas específicos a ele. O IMD conta com o IMD Global Family Business Center; Harvard Business School oferece o Family Enterprise Programs; a Kellogg Executive Education apresenta Family Business Programs; e no Brasil, o ISE Business School explora os desafios das empresas familiares no contexto nacional.
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