Acelerar o crescimento, ampliar a equipe, desenvolver novos produtos ou serviços e expandir para novos mercados são algumas das principais motivações que empreendedores possuem ao buscar investimentos, conforme recente estudo elaborado pela Associação Brasileira de Startups (ABStartups).
É possível que algum dos motivos acima seja o seu: com intuito de crescer, captar investimentos parece ser a solução mais eficaz. Por ser uma prática comum no mercado de tecnologia, iniciam-se as dúvidas sobre como começar (ou recomeçar) este processo de busca e negociação com investidores.
De modo a agregar as principais dúvidas sobre este processo de captação, bem como alguns aprendizados dos últimos anos trabalhando com startups, elaborei este guia com intuito de auxiliar o empreendedor nesta importante etapa.
A série será dividida em quatro posts:
Neste primeiro post, vamos abordar algumas questões que confesso escutar pouco nos eventos do ecossistema de tecnologia ou ler em conteúdos sobre o tema: qual é o objetivo final dos sócios com a startup?
Parece contraditório pensar no objetivo "final" da empresa para estruturar o início de uma rodada, mas esta reflexão pode lhe auxiliar ao longo de sua trajetória para tomada de decisões: é mais fácil escolher os caminhos que podem ser percorridos quando se sabe o destino.
Há também maiores chances de você pegar um atalho ou recalcular a rota para alcançá-lo, do que desviar da estrada (ou cair em um buraco).
Este passo é o mais comum e já realizado por empreendedores que buscam investimentos, visto que para montar o deck da sua empresa e se preparar para as conversas com investidores, serão calculadas as métricas atuais (número de clientes, faturamento, fontes de receita, churn…).
Mas além de mapear o atual momento, para onde vamos? Além de precisar do investimento para crescer, quando será dado o retorno ao investidor e a vocês empreendedores? Se estamos no ponto A (momento atual), qual é o B (destino)?
Acredito que nesta informação está o verdadeiro desafio: você já sabe onde está, mas onde quer chegar? Aqui não me refiro às projeções financeiras da empresa que serão alcançadas com o investimento, ou quanto clientes ou quais mercados irá alcançar, mas para onde e até quando você pilota sua startup.
Ao analisar com dados e fatos o ponto de partida (momento atual) da empresa, pergunto qual é o destino, ou seja, o objetivo da startup como um todo: Vamos crescer até qual ponto e por quantos anos estaremos nessa? Queremos (e somos) uma empresa capaz de chegar ao IPO ou buscaremos vender a empresa (realizar o famoso exit)? Se formos rumo ao exit, por quanto estamos dispostos a vender a startup?
Ficou com dúvida dos termos utilizados neste texto? Veja aqui nosso texto sobre termos de M&A e investimentos.
Você e seus sócios criaram a startup por algum motivo, seja ele resolver uma dor/necessidade latente percebida, uma oportunidade que apareceu, vontade de ter o próprio negócio… Mas a partir do momento que foi iniciada a jornada, é provável (e esperado) que busquem o retorno financeiro proporcional ao risco tomado pela decisão de empreender em tecnologia .
Criada para resolver um problema, e compreendendo que você e seus sócios gostariam que a startup prosperasse, continuando a resolver as dores que se propôs, sabe-se que em algum determinado momento a empresa deve seguir sem depender tanto dos fundadores na operação, e seus investidores cobrarão por um retorno financeiro.
Assim, definido o destino por você e seus sócios (vamos realizar um exit, somos capazes de IPO, ou vamos empreender até o fim de nossas vidas) há como criar um plano de negócios estruturado que possua foco neste “objetivo final”, estabelecendo metas de curto, médio e longo prazo.
O Business Plan será o mapa do ponto de partida (o momento atual) até o destino da empresa, prevendo as possíveis rotas, se há atalhos e onde estão os possíveis buracos. Se o Business Plan é o mapa, o investimento seria o combustível que pode permitir sua empresa (ou seu carro nesta analogia), a chegar até o destino.
Conhecendo o ponto de partida, com destino em mente e criando um mapa para chegar até ele, a captação de investimentos pode ser vista como um meio para o objetivo, e não fim, como era muitas vezes vista no ecossistema.
Pode até ocorrer que, ao fazer seu BP, uma captação não faça sentido do ponto de vista temporal ou em valores, por ela ir além do seu objetivo.
Falarei mais sobre isso no próximo post. Assim, pensando em algumas rotas que podem ser seguidas em seu BP que não envolvam levantar capital, aqui na Questum recomendamos para algumas startups SAAS que invistam em ofertas de serviços, de modo a aumentar o ticket médio pago pelos clientes, o que aumenta o LTV, e consequentemente, diminui o churn .
Dessa forma, cria-se a possibilidade de crescer o faturamento sem aumentar o CAC.
Focar na experiência do cliente, adicionar alguma funcionalidade em seu produto/serviço que possa melhorar ou aumentar sua oferta, são algumas das possibilidades que podem lhe auxiliar para crescer em termos de faturamento.
Ter claro o momento atual da empresa (ponto de partida);
Definir qual objetivo final, se será realizar uma operação de M&A, ir até o IPO, ou crescer sem rumo (destino);
Criar um plano de negócios que permita traçar a rota do ponto de partida até o destino, e a depender do seu momento atual, traçar as metas de curto, médio e longo prazo;
Se necessário e possível, realizar algum ajuste no plano de negócios que permita crescimento da empresa sem necessidade de captar investimentos
"Ok, mas nada do que foi dito até agora fala sobre captação de investimentos”.
Acredito que essa série de ações, se executadas antes de ir atrás de um aporte, podem auxil iar a captação em si.
Afinal, no momento de elaboração de plano de negócios, por compreender onde estamos e para onde vamos, temos maior clareza sobre quanto captar, qual o melhor tipo de investidor e modalidade de investimento, e onde o capital será alocado com mais eficiência.
Com as ações acima mapeadas, te convido a acompanhar nossos próximos posts da Série. Te desejo ótimos deals!