As fusões e aquisições (M&A) têm sido movimentos estratégicos observados em negócios de todos os portes. Há tempo deixou de ser prática exclusiva das grandes empresas, haja vista os diversos casos recentes de startups que protagonizaram aquisições, algumas inclusive de grande proporção.
Dentre as principais motivações estão o crescimento de receita, margens ou market share, entrada em novos mercados e internalização de inovações que justifiquem o desembolso na aquisição.
Entretanto, uma transação de M&A não tem nada de trivial, principalmente por exigir um grande alinhamento entre compradora e adquirida, que envolve desde aspectos estratégicos, táticos e até mesmo operacionais. Não é por menos que muitas negociações ficam pelo caminho e não evoluem para a concretização, afetadas em boa parte por desalinhamentos que surgem quando as empresas começam a “se conhecer melhor”, momento em que ficam evidentes questões que somente são possíveis de serem notadas quando se abre a caixa preta dos negócios .
(Veja o artigo Passo-a-passo para vender sua startup: M&A Canvas) As divergências normalmente estão relacionadas com diferenças em governança, maturidade de processos, estratégia e visão de futuro ou até mesmo choques na cultura organizacional e no estilo de liderança.
Algo que, particularmente, procuro reforçar com o empreendedor que está vivendo um processo de M&A é que o negócio somente é tido como certo quando de fato os documentos finais foram assinados.
Até lá, tudo pode acontecer. Cabe ainda citar que há casos onde, dada a magnitude ou modelo de negócio das partes envolvidas, as transações requerem aprovação de órgãos reguladores, como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), por exemplo, o que pode resultar em mudanças na negociação e, até mesmo, no seu impedimento.
A máxima é que, enquanto ainda houver algo pendente, por mais simples e pontual que seja, ainda não temos um negócio fechado. Já vimos casos onde alguém desiste às vésperas das assinaturas dos documentos finais.
Tais desalinhamentos acarretam inúmeros reflexos no dia a dia das empresas envolvidas num processo de M&A, principalmente nas adquiridas, uma vez que a demanda por informações, elaboração de materiais e envolvimento em questões fora da rotina acabam consumindo a energia e o foco de um time - que não está habitualmente familiarizado com questões que, na compradora, por dispor (em muitos casos) de times específicos para M&A, já faz parte do jogo.
Para mitigar os riscos de desalinhamentos e eventual fracasso da transação é importante que as empresas envolvidas atuem em sintonia desde o início do relacionamento no processo de M&A e joguem às claras os pontos mais sensíveis.
Isso contribui para um consenso sobre os objetivos estratégicos, eventuais mudanças e transformações que serão necessárias na estrutura, processos, governança, cultura organizacional e gestão do negócio.
É onde uma assessoria de fusões e aquisições agrega grande valor, uma vez que atua como um agente neutro na tratativa de questões mais delicadas e, dada sua experiência no tema, consegue antecipar-se a problemas mais comuns e evitar que estes impactem no negócio , além de trazer uma bagagem de boas práticas para construir um bom plano de integração, fundamental para que a vida em conjunto no dia seguinte ao negócio ser concretizado seja bem-sucedida.
Para concluir, fica a recomendação de procurar conduzir o processo de M&A sem poupar energia aos detalhes , debatendo de forma colaborativa sobre questões que sejam sensíveis para garantir que a história das empresas envolvidas no negócio sigam sendo construídas em sintonia e na direção de um objetivo em comum e, principalmente, ampliando a geração de valor do negócio.
Tem interesse em saber o que acontece após a venda de uma startup? Clique aqui e confira o artigo “Pós deal: o que ocorre após uma aquisição?”.